Paulo Bruscky inaugura duas exposições em São Paulo com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti

 Paulo Bruscky abre duas exposições individuais em São Paulo, ambas com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti. Banco de ideias abre ao público no dia 27 de maio na Galeria Nara Roesler, exposição que ocorre simultaneamente à mostra Atitude Política, que o consagrado artista pernambucano inaugura dia 3 de junho no Instituto de Arte Contemporânea – IAC, em São Paulo.

Flávio Freire
Paulo Bruscky, Entre ar condicionado, 2012/2022, refrigerator and objects, 166 x 56 x 58 cm

A quarta individual de Paulo Bruscky na sede paulista da galeria reúne uma seleção de trabalhos retirados do que o artista chama de "Banco de Ideias", que consiste em uma série de cadernos produzidos desde os anos 1970 e continuamente atualizados, no qual Bruscky insere pensamentos, anotações e incontáveis projetos de trabalhos, muitos deles não realizados. Deste modo, a mostra irá realizar pela primeira vez alguns desses projetos, como Estacione seu burro aqui e Triângulo. Na exposição, os trabalhos oriundos do Banco de Ideias são apresentados com outras obras de Bruscky que têm como eixo comum a releitura que o artista faz de objetos encontrados (como a geladeira recheada de obras em Entre, ar condicionado) e até mesmo de estruturas urbanísticas (como em Amsterdã Erótica).

Já a exposição no Instituto de Arte Contemporânea – IAC traz um recorte do Arquivo Paulo Bruscky, uma coleção de milhares de itens constituída ao longo de cinco décadas de pesquisa, dentre os quais estão trabalhos, publicações, documentos, correspondências, de aproximadamente 1000 artistas de 52 países, abrangendo as mais importantes vanguardas do século XX, como futurismo, dadaísmo, pop art, grupos Cobra, Gutai e Fluxus, arte conceitual, vídeo arte, arte correio, áudio arte e poesia experimental.

Nas palavras de Visconti: "A primeira exposição de Paulo Bruscky no Instituto de Arte Contemporânea – IAC foi concebida a partir de pesquisas em seu infindável arquivo pessoal, essa espécie de “Biblioteca de Babel” borgeana no Recife onde convivem e conversam cartas, obras, poemas, ideias do próprio Bruscky e de um número incalculável de outros artistas, de maneira análoga ao que acontece, de certa forma, no próprio IAC. Como qualquer arquivo de grandes dimensões, o de Bruscky é labiríntico e potencialmente infinito, porque cada uma das suas partes aponta simultaneamente para inúmeras outras, tornando impossível a tarefa de abarcá-lo. (...) O eixo escolhido, em diálogo com o próprio artista, foi o da colaboração, apoio e afinidade do artista com colegas ao redor do mundo que enfrentavam, como ele, as ameaças e os perigos de regimes opressores".

Artista multimídia, poeta e pioneiro da “arte-comunicação”, Bruscky surgiu no cenário artístico brasileiro durante o período da Ditadura Militar, momento em que as liberdades políticas e de expressão estavam sob forte repressão. Por se tratar de um contexto que dificultava a criação de trabalhos mais convencionais, dada a perseguição da censura, muitos artistas passam a se valer de linguagens e suportes alternativos, como vídeos, performances, postais e happenings, surgindo assim uma cena conceitual de grande importância no país, da qual Paulo Bruscky foi um dos principais expoentes. Sua prática artística, baseada na ideia de arte como informação, é marcada pelo experimentalismo constante, resultando em um corpo de obras plural, composto por poesias visuais, livros de artista, performances, intervenções urbanas, filmes em Super-8 e trabalhos em novas mídias.

Com os dois projetos paralelos, Visconti consegue abordar dois campos de enorme importância na trajetória de Bruscky: a contestação social e política - resultado da sua postura crítica e militante, em parte concebida em contestação à ascensão de governos militares e severos regimes ditatoriais em diversos países latino-americanos, incluindo o Brasil - e o humor e a ironia como recursos poéticos.

Bruscky tem participado de diversas exposições no Brasil e no exterior, incluindo inúmeras bienais, como as 16ª, 20ª, 26ª e 29ª edições da Bienal de São Paulo, Brasil (1981, 1989, 2004 e 2010), 57ª Bienal de Veneza, Itália (2017); e a 10ª Bienal de La Habana, Cuba (2009), entre outras. Exposições individuais recentes incluem: Paulo Bruscky. Eteceterate, na Fundación Luis Seoane (2018), n'A Coruña, Espanha; Xeroperformance, no Americas Society / Council of the Americas (AS/COA) (2017), em Nova York, Estados Unidos; Paulo Bruscky: Artist Books and Films, 1970–2013, no The Mistake Room (2015), em Los Angeles, Estados Unidos; e no Another Space (2015), em Nova York, Estados Unidos; Paulo Bruscky, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) (2014), em São Paulo, Brasil; Paulo Bruscky: Art is our Last Hope, no Bronx Museum (2013), em Nova York, Estados Unidos; Ars brevis, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) (2007), em São Paulo, Brasil.

Sua obra faz parte de importantes coleções como: Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York, EUA; The Museum of Modern Art (MoMA), Nova York, EUA; Museu d’Art Contemporani de Barcelona, Barcelona, Espanha; Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Stedelijk Museum, Amsterdam, Holanda; Tate Gallery, Londres, RU, entre outros.


Sobre Jacopo Crivelli Visconti

Curador e crítico de arte radicado em São Paulo, Jacopo Crivelli Visconti (1973, Nápoles, Itália) foi curador geral da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto (2020-2021) e da participação nacional do Brasil na 59ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia (2022). Doutor em Arquitetura pela Universidade de São Paulo – USP, foi membro da equipe da Fundação Bienal de São Paulo entre 2001 e 2009, quando realizou a curadoria da participação oficial brasileira na 52ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia (2007). Entre seus trabalhos recentes estão: Untimely, Again, Pavilhão da República de Chipre na 58ª Biennale di Venezia, Itália (2019); Brasile – Il coltello nella carne, PAC – Padiglione d’arte contemporanea, Milão, Itália (2018); Matriz do tempo real, MAC USP, Brasil (2018); Memories of Underdevelopment, Museum of Contemporary Art of San Diego, EUA (2017); Héctor Zamora – Dinâmica não linear, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo (2016); Sean Scully, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil (2015); Ir para volver, 12ª Bienal de Cuenca, Equador (2014). É autor de Novas derivas (WMF Martins Fontes, São Paulo, Brasil, 2014; Ediciones Metales Pesados, Santiago, Chile, 2016). Colabora regularmente com publicações de arte contemporânea, arquitetura e design, além de escrever para catálogos de exposições e monografias de artistas.


Serviço

Paulo Bruscky – Banco de Ideias

curadoria: Jacopo Crivelli Visconti

abertura: 27 de maio de 2023, às 11h

visitação: 27 de maio a 29 de julho de 2023


Paulo Bruscky – Atitude Política

curadoria: Jacopo Crivelli Visconti

abertura: 03 de junho de 2023, às 11h

visitação: 05 de junho a 05 de agosto de 2023

terça a sexta-feira, das 11h às 17h

sábado das 11h às 16h


Galeria Nara Roesler | São Paulo

Av. Europa, 655

Jardim Europa – São Paulo – SP

T 55 (11) 2039 5454

info@nararoesler.art 

Seg a Sex | 10h–19h

Sáb | 11h–15h


Instituto de Arte Contemporânea – IAC

Av. Dr. Arnaldo, 120/126, São Paulo

Terça a Sexta, das 11h às 17h

Sábado das 11h às 16h

www.iacbrasil.org.br











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