Exposição "Sérvulo Esmeraldo - Linha e Luz" chega ao CCBB SP no final de Agosto

  O Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo abre para o público no dia 30 de agosto, quarta-feira, a exposição SÉRVULO ESMERALDO: LINHA E LUZ, a maior e mais completa retrospectiva do artista, que faleceu em 2017 aos 87 anos, após quase 60 anos de produção continuada em São Paulo, na França e no Ceará. Sob a curadoria de Marcus de Lontra Costa e Dodora Guimarães Esmeraldo, viúva do artista, o percurso da mostra é formado por 110 obras que, em conjunto, evidenciam cada vez mais a importância de Sérvulo Esmeraldo para a história da arte brasileira. A exposição, patrocinada pelo Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, vai ocupar do segundo andar ao subsolo do prédio secular do centro de São Paulo. No CCBB RJ, onde foi apresentada até 07 de agosto, a retrospectiva recebeu mais de 100 mil visitantes.    

Sérvulo Esmeraldo - foto Gentil Barreira 

SÉRVULO ESMERALDO: LINHA E LUZ sintetiza a extensa produção do artista, também pioneiro na arte cinética, com trabalhos de diversas dimensões e em variados materiais. Potência gráfica, cromatismo intenso, objetos em movimento real ou virtual, tudo convida o público a perceber-se em meio a um diálogo de formas. As obras definem o talento e a inteligência do artista que prima pelo rigor em toda sua produção e nas diversas linguagens nas quais transita. A exposição traz desde pequenos trabalhos de Sérvulo, de sua história inicial, como gravador, como pesquisador da linha e das texturas, do plano e da bidimensionalidade, até a sua transposição para o espaço tridimensional. Graças ao Instituto Sérvulo Esmeraldo, sediado em Fortaleza, foi possível trazer a público obras que integram um patrimônio artístico de extraordinário valor.  

Apresentar SÉRVULO ESMERALDO: LINHA E LUZ em São Paulo é um diferencial. Nos idos de 1950, logo após a Segunda Guerra, Sérvulo deixa Crato, no Ceará, para estudar em São Paulo. O objetivo era entrar na FAU- USP para cursar a Faculdade de Arquitetura. A mulher do artista, Dodora Guimarães Esmeraldo fala sobre aquele momento: 

- Sérvulo se transfere para São Paulo em 1951, com o objetivo de estudar arquitetura, acho que mais um pretexto para ir para São Paulo e alçar sua carreira de artista. Ao chegar em São Paulo, conclui o curso científico da época no Colégio Ipiranga, morando na Rua Piauí, e ingressa no curso preparatório de arquitetura da FAU- USP. Como conta um colega dele, o arquiteto João Rodolfo Stroeter, o Sérvulo passava as aulas desenhando, sempre com um caderninho no bolso e um cotoco de lápis. Natural que levasse bomba no vestibular. 

Funcionário de uma empresa de engenharia que construía o Campo de Marte, conseguiu a proeza de solucionar um problema hidráulico completo e recebeu a oferta da cúpula para tornar-se empregado efetivo do escritório em Campinas, com casa, carro e um alto salário. O momento trouxe a decisão, como conta Dodora: 

- A oportunidade foi muito importante para a vida futura do Sérvulo, porque ele se envolveu com problemas da engenharia, que mais tarde desenvolveria na arte cinética.  Mas ele rejeitou o emprego e alegou que queria ser artista, levando o chefe às gargalhadas. Sérvulo chega a São Paulo em 1951, nos preparativos da primeira Bienal de São Paulo. Pelas mãos do Aldemir Martins, que foi um artista muito importante na introdução do Sérvulo no meio artístico paulistano, ele foi apresentado não somente aos gravadores como o Marcelo Grassmann, Mário Gruber, mas também aos escultores como Bruno Giorgi, com pintores como Hermelindo Fiaminghi, Walter Lewy e também teve a oportunidade de conhecer Flávio de Carvalho que o convidou para a primeira exposição em São Paulo, no Clube dos Artistas em 1956. O Sérvulo contava que São Paulo foi a segunda terra dele no Brasil, porque foi o lugar que ele encontrou amigos que conservou até o final da vida. Detalhe: ele nunca transferiu o título de eleitor para o Ceará. Sempre se sentiu um cidadão de São Paulo. 

Em 1957, graças a uma bolsa de estudos, tomou o rumo da Europa. Foram 20 anos na França, tempo em que se consolida entre os mais importantes nomes da arte, com renome no pioneirismo da arte cinética e referência obrigatória na gravura e na escultura.  

Sérvulo Esmeraldo nasceu na cidade do Crato, no Cariri cearense, região carregada de cultura e beleza em pleno Brasil profundo. Como a maioria dos artistas da sua geração, iniciou seus trabalhos a partir da observação da paisagem. De imediato, interessou-se pelo movimento, pela transformação dos fenômenos da natureza, pela dinâmica dos corpos e pela dialética do saber.

“Ainda criança, Sérvulo começou a produzir pequenas engenhocas que se apropriavam da corrente dos riachos abundantes na região. Nessa busca entre os fenômenos naturais e a intervenção humana, o artista aproxima arte e ciência, processo e criação, objetividade e liberdade criativa. A percepção de determinada equação visual descoberta pela observação da paisagem é imediatamente respondida pela ação transformadora do artista”, afirma Marcus de Lontra Costa, que divide a curadoria com Dodora Guimaraes Esmeraldo, que está à frente do Instituto Sérvulo Esmeraldo. 

Ao longo de toda sua vida, Sérvulo morou em Fortaleza, em São Paulo, no Rio de Janeiro, e depois, por duas décadas, em Paris. Em meados da década de 1970, o artista retorna à Fortaleza e suas obras incorporam a cor e a monumentalidade. Sérvulo, viajante, jamais deixou de ser o menino curioso do Crato. Por isso, suas obras se distanciam da austeridade construtiva e se afirmam como elementos carregados de beleza, inquietude e sedução.    

“Diferentemente da tradição de austeridade do construtivismo modernista, Sérvulo Esmeraldo cria poesias com a sua ação geométrica. As suas esculturas se originam de profunda sensibilidade gráfica.  Por isto elas são sempre desenhos nos espaços.  Elas se articulam,  se movimentam, elas são objetos cinéticos algumas vezes, elas são objetos da transparência, objetos da sedução e do encantamento.  Sérvulo cria uma geometria feliz.  Uma geometria poética e romântica”, diz Marcus  de Lontra  Costa.  “Os seus trabalhos gráficos determinam as bases da práxis do artista. Ela garante a Sérvulo a régua e o compasso e, com esses instrumentos, o artista subverte o plano na busca da dinâmica do movimento. Tudo em Sérvulo é fluido, é devenir, é líquido”, complementa Lontra.   

A escolha das obras expostas em SÉRVULO ESMERALDO: LINHA E LUZ, levou em conta as etapas e as interligações dos trabalhos do múltiplo artista e evidencia a coerência e a concisão da sua vasta obra.   “Essa evolução tem uma lógica simples e muito clara: a gravura em madeira (1957) é “matriz” para as esculturas em acrílico (anos 1970) e que, por sua vez, geraram as litografias (1976), e assim por diante, como se obedecesse a um projeto de sequências e consequências em um fluir sem hiatos”, declara Dodora Guimarães Esmeraldo. “A alegria é também um dos elementos constituintes do acervo reunido nesta exposição. Exatamente por ser uma das marcas do Sérvulo Esmeraldo, que colocava o humor sempre à frente de tudo. Um mestre, inclusive, na arte de saber viver”, finaliza Dodora.   

Ao realizar este projeto, o Centro Cultural Banco do Brasil reafirma o seu compromisso de ampliar a conexão do brasileiro com a cultura, proporcionando ao público a oportunidade de conhecer o trabalho de um dos maiores artistas do país, que contribuiu com a divulgação da arte nordestina e a renovação artística do seu Estado. 

No domingo, dia 03 de setembro, às 16 horas, os curadores conversam com o público sobre a exposição e a obra de Sérvulo, pilar da arte construtiva brasileira.  


Serviço: 

Exposição SÉRVULO ESMERALDO: LINHA E LUZ 

Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo 

Período: de 30 de agosto a 20 de novembro 

Bate-papo dos curadores com o público: sábado, 02 de setembro, 16 horas 

Funcionamento: todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças-feiras 

Ingressos: gratuitos, disponíveis em bb.com.br/cultura e na bilheteria física do CCBB SP a partir de 05/ago. 

Entrada acessível: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal. 

Informações: (11) 4297-0600 

Estacionamento: O CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas - necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h. 

Transporte público: O Centro Cultural Banco do Brasil fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista. 

Táxi ou Aplicativo: Desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m). 

Van: Ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h até o fim das atividades no CCBB. 

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Via press release








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