Jovem venezuelana que vive em MG é uma das vencedoras de concurso global do ACNUR

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) anunciou nesta semana os vencedores do segundo Concurso de Arte da Juventude com Refugiados, que celebra o poder do esporte para unir as pessoas. Dentre os cinco designs escolhidos para estampar bolas de futebol pelo concurso “Bola dos Sonhos”, está a venezuelana Skarly de Jesus.

Aldeias Infantis/Regina Maria
Aos 12 anos, a jovem venezuelana Skarly de Jesus foi uma das vencedoras do concurso que arrecadará fundos para promoção de atividades esportivas para pessoas refugiadas

Mais de 1.600 jovens artistas de 100 países enviaram desenhos e artes para serem estampadas em bolas de futebol relacionados ao tema “Juntos pelo Esporte”. Um terço dos participantes foi composto por pessoas refugiadas, solicitantes da condição de refugiado ou pessoas deslocadas internamente. A lista completa dos vencedores pode ser encontrada aqui.

Atualmente, a jovem venezuelana de 12 anos mora em Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais, com sua mãe, avó e irmão mais novo. A família chegou ao Brasil em setembro de 2020, em busca de proteção internacional devido ao agravamento da crise política, econômica e social na Venezuela.

Skarly ficou sabendo da existência do projeto na Aldeias Infantis SOS Brasil de Juiz Fora, ONG parceira do ACNUR que trabalha na acolhida e integração de famílias venezuelanas. Skarly morou por três meses no centro de acolhida da Aldeias e foi incentivada pelos colaboradores a criar um design para concorrer no concurso, dentre outras atividades de artes promovidas pela organização.

“Meu desenho representa a união no esporte. Na hora em que estava desenhando, parecia que estava exercitando minha mente. Eu sou uma menina refugiada da Venezuela e já estou matriculada no 6º ano do ensino fundamental, sigo estudando e me dedicando ao que gosto de fazer”, afirma.

Muito incentivada pela mãe a se dedicar aos estudos, Skarly está matriculada em uma escola da rede pública da cidade e começou a aprender português ainda no centro de acolhida Aldeias Infantis SOS Brasil de Juiz Fora, ONG parceira do ACNUR que trabalha na acolhida e integração de famílias venezuelanas.

“Para mim, aquele desenho representa felicidade e emoção e foi isso que senti quando recebi a notícia de que meu desenho tinha sido um dos escolhidos. Fiquei muito contente”.

Antes de chegar a Minas Gerais e conseguir alcançar a autonomia, a família de Skarly inicialmente entrou em território brasileiro por Pacaraima. Sempre juntos, a família foi para a capital Boa Vista, onde passou pelos abrigos Rondon 2 e Rondon 3, até ser beneficiada pelo programa de interiorização da Operação Acolhida. O projeto implementado pelo Governo Brasileiro e apoiado pelo ACNUR – que possibilita o deslocamento voluntário de pessoas venezuelanas que estão em Boa Vista (RR) e Manaus (AM) para outras cidades brasileira – promoveu o deslocamento voluntário e seguro de Skarly e sua família para Juiz de Fora.

Além dos designs que concorreram como estampas das bolas de futebol, o concurso recebeu também desenhos e histórias em quadrinhos sobre o tema central do concurso. Ao todo, foram escolhidas 10 ilustrações para o concurso geral, dentre elas uma menção especial à brasileira Letícia Silva, cujo desenho será transformado em um projeto 3D. Nascida em Brasilia, a jovem sempre gostou de desenhar pessoas e ficou animada com a oportunidade de espalhar amor e solidariedade pelo mundo com seu desenho.

“Minhas inspirações para os uniformes dos personagens foram os uniformes de futebol de alguns países. Eu escolhi três países de onde saem um grande número de pessoas refugiadas. A menina com a camiseta verde foi inspirada pelo Sudão do Sul. O garoto de camiseta vermelha representa o Afeganistão e o goleiro foi inspirado pela Síria”, conta Letícia. Os 10 desenhos vencedores e as menções especiais podem ser acessados aqui.

O Representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas, afirmar que atividades artísticas e esportivas destinadas aos jovens estimulam a convivência pacíficas entre quem chega e quem já está inserido no ambiente de convívio social.

“Artes e esportes são vias de criar vínculos sociais e de desenvolvimento de habilidades. Estas atividades também são ferramentas positivas para empoderar as comunidades de refugiados, ajudando a fortalecer a coesão social e agregando novos aprendizados e vivências que promovem produtivas trocas e saberes”, explica Egas.


Sobre o concurso

O projeto “Juntos pelo Esporte” foi idealizado para contemplar a participação de jovens que foram forçados a deixar suas casas por causa da guerra, violações de direitos humanos e perseguições, tendo no esporte uma ferramenta que os faz se sentirem incluídos e protegidos.

“Com este concurso de arte, queríamos dar aos jovens artistas a chance de usar seus talentos para demonstrar o poder transformador do esporte e mobilizar apoio para programas esportivos para comunidades de pessoas em situação de deslocamento forçado”, afirma Pauline Eluère, líder das iniciativas de engajamento dos jovens no ACNUR, em Genebra.

As bolas de futebol serão produzidas em parceria com a Alive and Kicking, uma fabricante de bolas sem fins lucrativos que promove iniciativas inclusivas por meio do esporte. As bolas estarão à venda online no site da Alive and Kicking a partir de outubro. Para cada bola vendida, £15 serão doados para programas do ACNUR que oferecem aos refugiados acesso a instalações esportivas e equipamentos.

A produção das bolas⁠ também irá gerar renda para pessoas refugiadas e adultos em situação de vulnerabilidade em toda a África Subsaariana. Com a produção e venda das bolas, Ben Sadler, CEO da Alive and Kicking, explica que será possível direcionar o valor arrecado para um grupo de trabalho com adultos em situação de vulnerabilidade e seus dependentes. Além disso, o projeto espera facilitar o acesso ao esporte a 4.500 jovens e oferecer treinamento sobre saúde mental para que dois coaches da Alive and Kicking Mental Health Sports possam ajudar suas comunidades.

Um júri composto por atletas, jornalistas esportivos e artistas ajudou a selecionar as inscrições vencedoras.

Alphonso Davies, o fenômeno do futebol canadense que também é um ex-refugiado e Embaixador da Boa Vontade do ACNUR, disse: “Os projetos eram muito poderosos. É incrível ver a visão dessas crianças e como eles têm a percepção de uma sociedade unida.”








Via press release







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